14 de jul. de 2011

O dantesco e enigmático Olivier Mourão

Nascido na cidade do interior de Minas Gerais, Divinópolis, Olivier Mourão iniciou seus trabalhos como artista plástico, ainda muito jovem. Gostava de retratar a inocência das crianças com as quais, nem sempre convivia. Era requisitado por autoridades e por membros da sociedade da época para eternizar em telas, a infância de seus pimpolhos. De família tradicional, polêmico e com genialidade pouco vista e prematura Olivier se destacou por sua originalidade e pelo fino trato dispensável à sua obra.



Trajetória
Olivier Mourão foi lançado e descoberto pelo jornalista Wilson Frade do Jornal Estado de Minas, ainda na década de 60 - anos de chumbo e de completa repressão. Nascido em 1945, final da guerra, andou até a sua adolescência, por aí, matando aulas para fazer retratos de crianças, como ele mesmo define sua iniciação às artes plásticas.
Foi morar em Belo Horizonte, onde conheceu Hélio Adame de Carvalho, proprietário do Jornal Estado de Minas que o projetou; logo no início de sua promissora carreira.
Prodígio, fazia retratos muito fiéis quando ainda não havia escolas especializadas na sua área de atuação. Muito jovem ainda, se instalou na Escola Guignard - uma escola de artes em Belo Horizonte que formou artistas importantes no circuito mineiro, nacional e internacional. Já no seu terceiro ano de aprendizado, começou a dar aula de desenho. Sua primeira exposição, em 1965, época da ditadura, movimentou a sociedade ao apresentar, desenhos como: O Homem Morre de Fome que o fez destacar entre: artistas, amigos contemporâneos e aqueles que praticavam a repressão.
Muito jovem para ser preso, ficou as escondidas, nas ruas de Ouro Preto, onde montou seu ateliê, na Rua Aleijadinho, 01 - endereço que se tornou referência para os contestadores da época.

Ganhando o mundo

Mudou-se para o Rio de Janeiro onde novamente desenvolveu uma ampla rede de contatos. Resolveu mudar-se para Londres onde estudou história da arte. Esteve em Paris estudando pictografias. Em Roma, trabalhou com escultura carrara. Voltou para Londres para estudar a História da Arte; sempre tendo como referência às suas pesquisas, os museus - fonte inesgotável de inspiração.
No circuito londrino teve a oportunidade de conhecer muitos artistas importantes. Passados longos três anos, volta ao Brasil convidado pela TV Bandeirante para abrir e fechar um programa novo que deu idéia ao formato do que seria hoje, o Fantástico - um programa meio pop que trazia um pouco disso e daquilo como ele mesmo gosta de definir. Nas intervenções propostas pelo artista Olivier sempre havia um pouco de arte conceitual. Não se tratava de um programa comercial e sim de uma proposta mais intelectualizada; onde havia um pouco de tudo.
Após muitas irreverências, de muitos abaixo-assinados, muita indignação, o programa foi fechado o que acabou por provocar a sua volta antecipada para Londres, onde morou em uma cobertura. Em Ibiza, recebia colecionadores do mundo inteiro.

Famosos no ciclo de amizades

Olivier Mourão é amigo de Jimmy Page - guitarrista de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos; o Led Zeppelin e que participou de cerca de 60% das músicas de rock gravadas na Inglaterra, entre os anos de 1963 a 1966.
Independente se tratar de Jimmy Page, conheceu várias pessoas do circuito musical e também, muito gente ligada ao cinema - produtores de Hollywood. Um festival de gente que por um acaso são todas humanas, parecidas como nós mesmos; como costuma afirmar e ponderar, nosso artista ilustre, de família tradicional.
Para Olivier os famosos são pessoas perfeitamente normais com as quais se deu muito bem porque nunca via as mesmas; com deslumbramento por considerá-las iguais.
O artista e a mídia
A revista Veja, todas as semanas sempre trazia, na suas última páginas, piadinhas que envolviam o seu nome. Olivier chegou a parar o trânsito da Praça Sete (BH) para fazer uma matéria com a TV Alterosa que era, por assim dizer, uma líder de audiência em Minas Gerais; coordenado pelo escritor, Roberto Dummond. Também a revista Manchete, O Cruzeiro, dentre tantas outras do gênero, apresentavam versões do artista prodígio - daquele menino que pintava feições de crianças.
K5 - uma das maiores e melhores a galerias do mundo
Em Ibiza, realiza exposições todos os anos e com todas as telas vendidas. O espaço utilizado é uma galeria muito prestigiada, a K5. Também colecionadores de toda a Europa, bem como da Suiça, Itália, Paris; mesmo da América, o visita para reservar quadros antigos. A maioria dos colecionadores espalhados mundo afora, possuem de trinta a quarenta quadros de Olivier.  Marchãs e especialistas afirmam que num curto período de tempo, as telas de Olivier vão valer cifras significativas - o que nada surpreende ao artista.
Frisson e excomungação
Um painel de 30 metros de comprimento por 06 de altura, pintado na década de 60, de nome: A Última Ceia causou muito frisson e descontentamento por parte de autoridades constituídas; inclusive as eclesiásticas; culminando com a excomungação de Olivier por parte de Don Serafin - cardeal arcebispo metropolitano
O painel em questão retratava uma grande mesa com a presença de pessoas distintas de Belo Horizonte, uma situação meio psicodélica. Ao centro da mesa, quatro olhos segurando um ovo muito grande - representando a criação. Nos pratos postos à mesa podia-se perceber dentaduras, ferramentas jogadas e ainda: cenas libidinosas, abaixo da mesa. O painel em questão foi vendido aos Estados Unidos e não se tem notícias reais de seu paradeiro.
Um grande achado
Olivier sempre morou próximo a uma feira conhecida como Portobello Road - uma feira que dá de tudo; podendo se comparar ao Mercado das Pulgas, de Paris.
O artista andava pela feira de manhã, sempre peneirando as coisas; quando viu uma tela de boa qualidade pictórica. Ao examinar com mais propriedade, a tela que estava rasgada; deparou-se com uma assinatura de  Cândido Portinary - artista expressionista, datada de 1954; época em que Portinary passou pela Europa. Olivier não pensou duas vezes e adquiriu a obra pela bagatela de cinqüenta libras, no princípio dos anos 70.
Segundo Olivier Mourão, naquele momento, ele passou por uma dualidade de sentimento: - muito alegre por estar de posse de tão significativa obra e extremamente triste por  ver um trabalho do maior artista sul-americano,  ser tratado de forma tão irrisória, passando quase que por despercebida.

 

Olivier sempre morou próximo a uma feira conhecida como Portobello Road - uma feira que dá de tudo; podendo se comparar ao Mercado das Pulgas, de Paris.
O artista andava pela feira de manhã, sempre peneirando as coisas; quando viu uma tela de boa qualidade pictórica. Ao examinar com mais propriedade, a tela que estava rasgada; deparou-se com uma assinatura de  Cândido Portinary - artista expressionista, datada de 1954; época em que Portinary passou pela Europa. Olivier não pensou duas vezes e adquiriu a obra pela bagatela de cinqüenta libras, no princípio dos anos 70.
Segundo Olivier Mourão, naquele momento, ele passou por uma dualidade de sentimento: - muito alegre por estar de posse de tão significativa obra e extremamente triste por  ver um trabalho do maior artista sul-americano,  ser tratado de forma tão irrisória, passando quase que por despercebida.

3 comentários:

Luiz Bhittencourt disse...

Boa tarde Olivier!!!
Sou Luiz Bhittencourt, artista plástico da cidade de São José dos Campos - São Paulo.
Tive como minha professora de arte a Luciana Melo, grande amiga sua a muitos anos atrás.
Desejo fazer contato com você conhecer. Como podemos nos comunicar.
Meu site: www.luizbhittencourt.com.br e facebook: Luiz Bhittencourt.
Abraço!!

Unknown disse...

Estou muito emocionada que so consigo escrever isso. Sou Angela Andrade ex Aragao, voce foi meu padrinho de casamento em Miradouro MG .

Unknown disse...

Olivier Mourão, onde você está? Quero muito saber de você, pessoa,do artista já fiquei sabendo coisas que me emocionaram.
Tem data para vir ao Brasil?Saudade imensa!

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