10 de fev. de 2011

Ecos de Hevecus - um tributo ao artista quase anônimo


 Mencionar o nome do artista irreverente Hércules - o Hevecus, é retroceder no tempo e verificar o quanto a sociedade, dita alternativa, cometeu falhas mormente atribuídas aos  terráqueos.


Hércules Veloso Cordeiro, o Hevecus, passou como um cometa sem que seu talento e sensibilidade pudessem ser devidamente reconhecidos. Se fosse uma estrela, seguramente não seria cadente. Notadamente um artista marginalizado, Hevecus desde os idos da década de sessenta já delineava a sua trajetória: uma trágica história. Incompreendido por muitos, afastado do meio de nós, Hevecus não suportou a mediocridade dessa sociedade consumista, preconceituosa e machista.

Em vida, fez sucessivas tentativas para adequar-se às regras impostas pelo sistema - um tanto rigoroso para pessoas consideradas, fora dos padrões. 

Nossa memória, falha por conveniência, não nos permite uma leitura que seja por demais, dinâmica - fatos não tão recentes ocorridos.

Quando alguém suplica um lugar ao sol é porque algo não vai muito bem. Assim podemos diagnosticar o artista, cuja produção, ficou basicamente no anonimato.
O amigo Hevecus teve poucas e raras oportunidades de demonstrar ao que veio. Possuidor de um talento raro e de inconfundível estilo, autodidata, Hevecus deu demonstração em vida de sua forte personalidade. Apropriou-se de um estilo de vanguarda, pouco visto se comparado a padrões da época com traços bem delineados e em cores bem vivas. O desafio aos cânones estéticos, formas, cores e estilos tornou-se uma constante
.

Quem teve a grata satisfação de conviver com o artista Hevecus, sabe como ninguém que o artista e anarquista trilhou pela escola filosófica de Pitágoras em suas formas geométricas concebidas e na precisão de seus traços.
E no momento sublime da criação da arte, Criador e criatura se fundem e a  obra concebida se eterniza.                 
Homenagem póstuma


Em vida, nenhuma pessoa rendeu homenagem ao artista plástico. 
Hevecus era portador de epilépcia - uma doença crônica que altera a atividade elétrica do célebro; temporária e reversível. Suas crises eram constantes e o artista boêmio, ainda fazia uso constante de bebida alcoólica e de barbitúlicos, o que agravava ainda mais o seu estado de saúde. Franzino e com a saúde um tanto fragilizada, Hevecus já delineava no rosto, marcas profundas que o tempo sucumbiu em registrar. O preconceito e o comportamento um tanto irregular o afastaram do convívio social. Hevecus, o irreverente foi por três únicas vezes homenageado. A primeira e distinta homenagem póstuma partiu da escritora divinopolitana, Adélia Prado que num ato quase que sublime, reconheceu o talento latente existente em Hércules - esse artista ímpar e personagem coadjovante das artes plástica
.



Adélia Prado escolheu para ilustrar a capa de seu livro: O Pelicano (1987), em sua primeira edição, publicado pela Editora Guanabara; uma pintura a óleo sobre madeira de autoria de Hevecus.
Adélia Prado enxergou na pintura de Hevecus um ser alado, místico, assexuado com fartos seios e com genitálias à mostra. Um enígma a ser descifrado; um mixto de demônio e anjo - apropriado ao estilo sacro-profano adotado pela autora. Permeada por simbologias e por temas polêmicos, assim são constituídas/ concebidas.as telas produzida pelo artista plástico, Hevecus.

O também artista plástico e produtor cultural, Carlos Antônio Lopes, de 21 de dezembro de 2002 a 11 de janeiro de 2003, em comemoração ao cinqüentenário de nascimento de Hevecus, promoveu a Exposição Hevecus - um artista solar. O evento agregou várias manifestações e reuniu tendências variadas como: teatro, lançamento de livro, saral de poesia, entre outros.Também a dupla: OS CARAS - Jubarba e Heraldo Amaral, homenageram Hevecus, reproduzindo uma de suas telas na capa de seu CD.

Rumo ao centenário, nossa expectativa é que o poder público faça este resgate ao apoiar projetos como do pessoal do Barkaça (Dioli, Karol Penido, David e Mingal) que contemplam e trazem a tona a memória desse artista de luz própria, através

1 comentários:

Karol Penido disse...

Durok,

me manda um e-mail.
karolpenido@yahoo.com.br


abraço
karol penido

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