Nada estava programado como de costume; apenas um encontro
casual onde a autoria do Hino de Divinópolis seria o assunto em pauta.
Um encontro não programado ocorreu para dar maior sentido aos fatos relevantes e recentes da história de Divinópolis, Trata-se do esclarecimento da autoria do Hino de Divinópolis, narrado por Cecília Guimarães - pessoa que detém conhecimento da história da música em Divinópolis. Seu pai, o violinista Jacinto Guimarães esteve presente aos mais remotos encontros realizados com a música - respirava musicalidade.
Cecília sempre foi membro do Conselho de Patrimônio Histórico, Artístico, Paisagístico e Cultural de Divinópolis. Esteve à frente de conquistas importantes como o tombamento do Casarão - hoje abrigando o Museu Histórico local. Ela ainda assina pela organização da tradicional Semana dos Franciscanos que oferece uma vasta programação à população.
Nada estava programado como de costume; apenas um encontro casual onde a autoria do Hino de Divinópolis seria o assunto em pauta. A polêmica teve seu início quando décadas atrás, Cecília esteve com a também educadora, Rosa Amélia Gontijo. Juntas perceberam que muitas escolas em Divinópolis executavam hinos de diferentes autorias.
Um era de autoria do Dr. José Brasil e outro atribuído a José Onésimo de Andrade; conhecido como Zé Bola. Na verdade; Zé Bola fez mesmo; foi o Hino do Cinqüentenário de Divinópolis. Havia um outro hino também muito belo de autoria do poeta e professor, Jadir Vilela que também era entoado em algumas escolas.
Década de 60 - oficialização do Hino de Divinópolis
[...] Não poderíamos ficar com três hinos sendo executados nas escolas. Então, resolvemos fazer a oficialização do hino - na ocasião, no governo do ex-prefeito Walquir Resende. Colocamos para ele a situação e os três hinos em questão foram à votação. Foi escolhido então, o hino do Doutor Brasil. A justificativa é que ele seria o primeiro de fato e também porque a qualidade do poema foi reconhecida por todos. Um poema pulcro com música jamais vista” (Cecília Guimarães, Agosto de 2010).
Cecília ainda esclarece que este hino é de autoria; letra e composição musical do doutor José Pereira Brasil que foi o primeiro juiz de Direito de Divinópolis. Como o autor somente teve a inspiração e não sabia fazer partitura; então recorreu à dona Simpliciana Brandão que era musicista, professora e pianista. Somente a autoria melódica é atribuída à dona Simpliciana Brandão - isso é o que ocorreu de fato
Em 1967 foi programada uma festa para a oficialização do Hino de Divinópolis - uma ação desencadeada pela então Delegacia Regional de Ensino - DRE. O doutor José Brasil e dona Iolanda Brasil; já com idades avançadas foram convidados a virem à Divinópolis para serem homenageados.
Nesta mesma ocasião, Cecília e seu pai; o violinista Jacinto Guimarães (responsável pelo arranjo musical para bandas) se encontram com Doutor Brasil na casa de dona Nadir Guimarães - a Didi Guimarães que o hospedou por serem amigos.
Cecília recorda que neste dia conversaram, cantaram e acertaram tudo para saber exatamente: o ritmo, a acentuação e determinadas palavras que estavam sendo cantadas equivocadamente e exemplifica:
[...] Muita gente canta, desliza em murmúrio, não é. O correto é - deriva em murmúrio. Outro equívoco: - ver a grandeza. O correto é verás, do vocábulo de verdade. Outro erro muito comum; elimina-se o artigo o em: o que hoje semeias, grafia correta - pronome que significa aquilo que... (Cecília Guimarães, Agosto de 2010)
Então, na presença do Dr. José Brasil nós cantamos e revisamos todos estes pequenos erros cometidos na execução do Hino de Divinópolis. Naquela época nós fizemos inúmeras reproduções da partitura. Eu mesma fui nas diversas escolas de Divinópolis para poder ensinar o hino corretamente; principalmente a questão rítmica. O Hino de Divinópolis ainda é executado muito devagar. Neste hino a questão rítmica tem que ser um marcial solene; como o ouvido no Hino da Bandeira e não tão apenas marcial como o executado quando se ouve o Hino Nacional. (Cecília Guimarães - Agosto de 2010).
Cecília ainda diz conhecer um arranjo para o Hino de Divinópolis, feito na década de oitenta; por Carlos Roberto Justino - maestro da Escola Municipal de Música Ivan Silva, naquela ocasião.
Sobre o Hino do Cinqüentenário, de autoria do Zé Bola, Cecília declara ser muito vibrante, ficando a sugestão de aproveitá-lo para o centenário ou a realização de um concurso para um novo hino.
[...] Espero que as pessoas tenham a felicidade de fazer um hino bem vibrante porque hino tem que levar a pessoa pra cima. (Cecília Guimarães - Agosto de 2010).
Foto: Fernando Camillo - matéria veicula no Jornal Magazine - Agosto de 2010
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