Passar pelo tempo como vento que levanta a poeira e se vai, na certeza de ter estado presente ainda que por alguns instantes.
Assoviar em exaustivos sofejos, aquela música que lhe vem à cabeça.
Fazer de conta que nada mudou - eternizar a memória em quadros e cores vivas - características da artista Celeste Brandão.
Com 85 anos e saúde fragilizada, Celeste é por assim dizer a guardiã do tempo quando o assunto em pauta é memória patrimonial imaterial. Imóveis foram ruídos com a ação do tempo e devastados pela ganância dos homens e por mera especulação imobiliária.
A artista plástica por excelência, com dom Divino e de alma transparente, Celeste Brandão, desde os idos de 40 vêm contracenando com o tempo em pinceladas quase mediúnicas.
A arte de Celeste está registrada em telas de colecionadores, na parede das casas de seus ex-alunos, em repartições públicas, mundo afora e sua obra com maior dimensão foi adquirida na gestão do prefeito Aristides Salgado e que hoje pode ser vista no Terminal Rodoviário Joaquim Lara, no saguão, próximo as bilheterias.
A arte sublime de Celeste insiste na permanência de seguir resistindo à memória. Nada escapa aos olhares atentos da menina Celeste que brincava de roda e ainda encontrava fôlego para auxiliar nas inúmeras manifestações ocorridas nas quermesses.
Os franciscanos também exerceram grande influência sobre a guria franzina e serelepe de nome Celeste. A artista faz questão de contar que a sua casa era freqüentada por frades estudantes da época que expandiam sua cultura européia - momentos vivenciados na infância desta memorialista e artista ímpar de nome Celeste Brandão.
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Celeste na adolecência |
Em vida, Celeste doou muito de si. Manteve por anos uma escola de arte no seu próprio atelier. Participava ativamente de todos os movimentos históricos, como a campanha que não deixou o Casarão, a atual sede do Museu Histórico de Divinópolis ser demolida. Também no episódio de tornar o Gravatá, um espaço voltado para a prática da cultura. Depois de muitas batalhas, a primeira Usina de Álcool Motor da América Latina, edificada pelo engenheiro Gravatá foi finalmente destinada para fins culturais e hoje abriga o Teatro Municipal.
Como se pode notar pela biografia seleta de Brandão, ela herdou da educadora e mãe , Simpliciana Corrêa Brandão (musicista) a familiaridade com a música. Celeste é autora de melodias (composições) belíssimas, muitas ainda inéditas.
Uma pessoa com tamanha desenvoltura, talento e dedicação a outrem só poderá colher o que plantou. Apesar de tempos difíceis, Celeste Brandão é hoje tema de um projeto, aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura e que dá nome a uma melodia escrita na décado de 50: AME O SOL, POR FAVOR.
O Projeto: AME O SOL, POR FAVOR contempla a formatação de um site, contendo parte da pictografia da artista que deverá ser transformado em catálogo, a reprodução do documentário de 40 minutos de Adriano Reis com depoimentos de pessoas que conviveram com a artista primitivista e sua obra, gravação da música que dá nome ao projeto. A gravação AME O SOL, POR FAVOR será feita em estúdio com a participação de muitos músicos conhecidos.
Por tudo isso e por muito mais, CELESTE sempre será a guardiã do tempo, eternizada em suaves pinceladas.
“A arte é um remédio para minhas tristezas:
se a saudade aperta, misturo as tintas em cores vivas
e me transporto para um mundo novo.”
- Celeste Brandão -
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