19 de fev. de 2011

Guardiã do tempo, eternizada em suaves pinceladas

Passar pelo tempo como vento que levanta a poeira e se vai, na certeza de ter estado presente ainda que por alguns instantes.
Assoviar em exaustivos sofejos, aquela música que lhe vem à cabeça.
Fazer de conta que nada mudou - eternizar a memória em quadros e cores vivas - características da artista Celeste Brandão.

Com 85 anos e saúde fragilizada, Celeste é por assim dizer a guardiã do tempo quando o assunto em pauta é memória patrimonial imaterial. Imóveis foram ruídos com a ação do tempo e devastados pela ganância dos homens e por mera especulação imobiliária.

A artista plástica por excelência, com dom Divino e de alma transparente, Celeste Brandão, desde os idos de 40 vêm contracenando com o tempo em pinceladas quase mediúnicas.
 A arte de Celeste está registrada em telas de colecionadores, na parede das casas de seus ex-alunos, em repartições públicas, mundo afora e sua obra com maior dimensão foi adquirida na gestão do prefeito Aristides Salgado e que hoje pode ser vista no Terminal Rodoviário Joaquim Lara, no saguão, próximo as bilheterias.

A arte sublime de Celeste insiste na permanência de seguir resistindo à memória. Nada escapa aos olhares atentos da menina Celeste que brincava de roda e ainda encontrava fôlego para auxiliar nas inúmeras manifestações ocorridas nas quermesses.

Os franciscanos também exerceram grande influência sobre a guria franzina e serelepe de nome Celeste. A artista faz questão de contar que a sua casa era freqüentada por  frades  estudantes da época que expandiam sua cultura européia - momentos vivenciados na infância desta memorialista e artista ímpar de nome Celeste Brandão.
Celeste na adolecência

Em vida, Celeste doou muito de si. Manteve por anos uma escola de arte no seu próprio atelier. Participava ativamente de todos os movimentos históricos, como a campanha que não deixou o Casarão, a atual sede do Museu Histórico de Divinópolis ser demolida. Também no episódio de tornar o Gravatá, um espaço voltado para a prática da cultura. Depois de muitas batalhas, a primeira Usina de Álcool Motor da América Latina, edificada pelo engenheiro Gravatá foi finalmente destinada para fins culturais e hoje abriga o Teatro Municipal.

Como se pode notar pela biografia seleta de Brandão, ela herdou da educadora e mãe , Simpliciana Corrêa Brandão (musicista) a familiaridade com a música. Celeste é autora de melodias (composições) belíssimas, muitas ainda inéditas.

Uma pessoa com tamanha desenvoltura, talento e dedicação a outrem só poderá colher o que plantou. Apesar de tempos difíceis, Celeste Brandão é hoje tema de um projeto, aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura e que dá nome a uma melodia escrita na décado de 50: AME O SOL, POR FAVOR.

O Projeto: AME O SOL, POR FAVOR contempla a formatação de um site, contendo parte da pictografia da artista que deverá ser transformado em catálogo, a reprodução do documentário de 40 minutos de Adriano Reis com depoimentos de pessoas que conviveram com a artista primitivista e sua obra, gravação da música que dá nome ao projeto. A gravação AME O SOL, POR FAVOR será feita em estúdio com a participação de muitos músicos conhecidos.
Por tudo isso e por muito mais, CELESTE sempre será a guardiã do tempo, eternizada em suaves pinceladas.

                             
                                    “A arte é um remédio para minhas tristezas:
                            se a saudade aperta, misturo as tintas em cores vivas
                                       e me transporto para um mundo novo.”
                                           
                                                     -  Celeste Brandão -









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