3 de jan. de 2011

A ruptura com a cordialidade brasileira

Um dos grandes acontecimentos da história recente do Brasil completa quase cinqüenta anos de existência. A data não sugere nenhuma comemoração, mesmo porque, aqueles foram anos compreendidos pelos anais da história como sendo, os anos de chumbo.

Há quase cinquenta anos foram instaladas: a ditadura e a tortura no Brasil.Alguns episódios na história contribuíram significativamente para que ocorresse a revolução de 64: - A marcha da Coluna Prestes, passando pelas revoluções de 30 (deposição de Washigton Luís), a Constitucionalista de 1932 de São Paulo, o golpe de Estado Novo em 1937, a derrubada da ditadura do Estado Novo, em 1945, a campanha da UDN de Carlos Lacerda que culminou com o suicídio de Getúlio Vargas em 54, a renúncia do presidente Jânio Quadros em 61 e a tentativa de impedir a posse de João Goulart eliminaram a ruptura com a conhecida cordialidade brasileira.


Regime Militar - sorte ou reveses ?

As ações desencadeadas pelo regime militar na década de 60 saciaram todo e qualquer intuito na geração de produtos e de meios que propagassem a cultura; logo, a formação de opinião. 
Em 1964, o então eleito Presidente da República, Castelo Branco prometeu restaurar a liberdade e apaziguar as Forças Armadas, mas acabou perdendo para a linha dura que decretou o Ato Institucional número 5, o AI-5; cassou o mandato do general Costa e Silva (por motivo de doença) e impediu a posse do vice, Pedro Aleixo.Os intelectuais, militantes da esquerda e adeptos da democracia viram seus sonhos naufragarem com o exílio, prisões arbitrárias e torturas, em sua maioria, ocorridas nos porões da ditadura.

O regime militar provocou uma imensa lacuna na evolução do país.Trouxe para o vocabulário expressões como: voto vinculado, senador biônico, colégio eleitoral, entre outros. Com a ditadura, lideranças nacionais e expressivas foram banidas, muitas; até mesmo, eliminadas.A ditadura militar mutilou e humilhou grande parte da sociedade civil brasileira.

O golpe de 64 e o regime militar transformaram a sociedade de massa, num grande sistema de supressão de liberdade, algo indescritível, sufocante, triturados pela máquina da repressão. Os militares estagnaram o processo evolutivo da política no Brasil e a ditadura produziu conseqüências que passados quase meio século, ainda repercute de forma catastrófica.
Ninguém, em absoluto, poderá apagar as marcas deixadas pelo regime militar; pela ditadura, pelos quais nenhuma sociedade passará impune.


Anos de chumbo - erros históricos

Capa Jornal do Brasil  na década de 60

Os anos de chumbo trouxeram consigo erros históricos. O golpe de 64 desencadeou o ciclo de generais e com eles, a execução de projetos mirabolantes como: a Transamazônica, a Usina Nuclear Angra dos Reis e a Ferrovia do Aço. Bilhões de dólares foram gastos, tornando o endividamento externo totalmente fora de controle. 

[...] O chamado, milagre econômico, que sucedeu ao golpe de 64; nos governos de Costa e Silva, Médici e no início do governo Geisel foram atribuídos a um conjunto de reformas. As medidas adotadas por Otávio Gouveia de Bulhões (Fazenda) e Roberto Campos (Planejamento) promoveram uma faxina no sistema tributário cambial e a correção da ordem de até 1.000% das tarifas públicas, gerando um ritmo frenético no mercado.
(Economista Antônio Barros de Castro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro).

[...] Esses fatores mencionados, aliados a criação do Banco Central, do Sistema Financeiro da Habitação e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS, fez com que o Brasil passasse da quadragésima oitava economia do mundo para a oitava. As exportações passaram de 1,4 bilhões de dólares em 64 para 25,6 bilhões de dólares, já em 85 quando o Brasil iniciou a Campanha das Diretas. Um crescimento astronômico da ordem de 1.730%.         (Economista, Antônio Barros de Castro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Tostão: do Cruzeiro para a Seleção Brasileira
Já para o jornalista Roberto Campos em deferência aos anos pós-golpe cita: “O Brasil, nas décadas de 60 e 70, trilhou por caminhos semelhantes aos chamados Tigres Asiáticos.” ´- fonte: Estado de Minas  No comentário de Tostão, ex-integrante da seleção brasileira: - “... nos preparativos para a Copa de 1966, a seleção viajou por várias cidades e participou de muitas festas, só para agradar aos políticos locais, que apoiaram o golpe militar de 64. O futebol se tornou o circo dos governantes”´- Fonte: Estado de Minas
 
O poder é efêmero e não ditatorial
  
 Foram anos de governos ditatoriais, iniciados com o General Emílio Garrastazu Médici, Ernesto Geisel, anistia em 1979 com João Batista Figueiredo, seguidos pelo Movimento das Diretas - Assembléia Constituinte em 1986, culminando com a Nova Constituição de 1988.A redemocratização se efetivou com as eleições de um civil para Presidência da República.Tancredo Neves sai vitorioso do processo, mas não chega a desfrutar de sua recente conquista por fatores alheios à aclamação popular, (alguns atribuem sua morte a ações ligadas a grupos internacionais de extermínio) e seria, o primeiro presidente civil a assumir o cargo. Em 1989 foi eleito Fernando Collor de Melo, único presidente a ser destituído de seu cargo pela mobilização popular.  Fernando Henrique Cardoso governa o Brasil de 95 a 2002.Em 2003, Luís Inácio da Silva (Lula) é eleito Presidente da República, depois de sucessivas tentativas. Lula foi reeleito presidente e governa o país até os dias atuais. Avanços e também retrocessos podem ser observados no governo Lula: - o poder é efêmero e não é imortal.  

Passado quase meio século; muito pouco se avançou.A distribuição de renda é catastrófica. O índice de analfabetismo e de desemprego são assustadores. As estatísticas com avanço da criminalidade são alarmantes e tem alcançado o topo dos gráficos nas capitais e, o que é pior, tem avançado para o interior do país. A educação básica parece caminhar bem, embora apenas 5% da população brasileira conseguem chegar ao ensino superior.A saúde tem sido sucata e a moradia (casa própria) ainda é problema crucial na vida da grande maioria dos brasileiros.

Os governos; em todas esferas, (federal, estadual e municipal) têm que tomar medidas mais enérgicas, estancar os constantes escândalos e punir com rigor aqueles que desviarem sua conduta. É preciso acabar com os vícios existentes em repartições públicas onde ainda prevalece a Lei de Gerson - a de levar vantagem em tudo; quase tudo.

0 comentários:

Postar um comentário